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Mostrando postagens de abril, 2021

SONGS FOR DRELLA

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            Diz-se do primeiro disco do Velvet Underground , banda nova-iorquina dos anos 1960, que vendeu muito pouco, mas quem comprou um montou uma banda. Essa anedota serve como alegoria para o fato de que, apesar de ter vendido poucos discos na sua estreia, a banda se tornaria extremamente influente na cena rock ‘n roll mundial, sendo citada como grande inspiração por artistas do mundo todo, de Smiths a Nirvana. Esse primeiro disco foi produzido pelo famoso artista plástico e cineasta underground americano Andy Warhol. A capa, curiosamente, trazia, além da famosa banana-adesivo, a frase peel slowly and see e o nome de Warhol. O nome da banda mesmo, só na contracapa, acompanhado do nome da cantora e atriz alemã Nico, cuja participação no álbum foi imposição de Warhol, apesar dos protestos da banda.             O “líder” da banda era o grande Lou Reed e um de seus parceiros, pelo menos nos dois primeiros discos, foi o talentoso multi-instrumentista John Cale. A banda não sobre

GILBERTO GIL AO VIVO

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            Quando eu era pequenininho, lá pelos 3 anos de idade, eu era um fã mirim de Gilberto Gil. Tinha o Realce lá em casa e, como já disse aqui , os arcos de purpurina na capa e especialmente no selo do disco me encantavam. Um outro disco – uma coletânea da série História da Música Popular Brasileira – trazia várias fotos do compositor, algumas com uma lua e uma estrela no cabelo, outras com trancinhas etc. e eu achava tudo aquilo lindo. Criança viada, sabe como é. Esse disco me faz lembrar da minha querida irmã Mariza, falecida em 2014. Mas, acima de tudo, havia a música, claro. Minha mãe dizia que havia uma época em que o praticamente bebê Anderson Garcia só dormia ouvindo Gilberto Gil. Depois que eu descobri que a música da abertura do Sítio do Picapau Amarelo , programa da Rede Globo baseado na obra infantil de Monteiro Lobato, era cantada por ele, a minha admiração de criança então só aumentou. Isso era no começo dos anos 1980. Lembro ainda de meus irmãos me dizendo que o

MVSIKA BEM ANTIGA

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                  Quando você gosta muito de uma coisa e quer saber tudo sobre ela, inevitavelmente chegará o dia em que você terá de aceitar que não pode saber tudo sobre o que ama porque todo conhecimento é – feliz ou infelizmente – limitado. E isso vale para tudo: um dia você quer saber o que havia antes do big bang , ou se o universo é infinito, como soava a língua egípcia antiga, qual a menor fração de tempo possível ou o que se passa na cabeça da pessoa que você ama. Eu, que adoro música, tinha por referência de música antiga Johann Sebastian Bach, século 17/18, e sabia da existência do canto gregoriano, com registros a partir do século 13. A partir daí, sobram-me três curiosidades principais: como eram as músicas das liras que acompanhavam os poemas na Grécia antiga, como eram as músicas das cantigas galego-portuguesas (aquelas de amor, amigo e escárnio e maldizer que a gente aprendeu no ensino médio) na Idade Média e como eram as outras peças musicais também da Idade Média que

A TRILOGIA RE

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              Uma trilogia de quatro. De 1972 a 1979, Gilberto Gil lançou três álbuns com títulos começando com a sílaba RE: Refazenda , Refavela e Ralce . Entre eles, alguns álbuns ao vivo, um lendário com Jorge Ben e um RE bônus, ao vivo com Rita Lee, o Refestança . Segundo o próprio Gil, a escolha da sílaba não foi aleatória: o RE remete a uma REvisita às suas origens musicais, um REencontro com seus mestres, uma REvisão de sua própria obra.                         Refazenda , de 1975, é essencialmente um disco sertanejo, no sentido mais profundo da palavra. Por isso, é quase um disco em parceria com o compositor e sanfoneiro Dominguinhos. No lado A, inclusive, somente uma faixa não é autoral: Tenho Sede foi composta por Dominguinhos e Anastácia. Todas as outras são de Gil: a adorável faixa Ela ; Refazenda e sua letra absolutamente hermética, basicamente um “fluxo de consciência” de raiz freudiana, encantada por um baixo e uma orquestra de cordas precisos; Pai e Mãe , a lind

不慮

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            Como vocês podem ver, meu fetiche por palavras em outros alfabetos continua firme e forte. Essa aí do título é, em japonês, furyo (pronúncia: furiô ), e foi escolhida para o título em português do filme Furyo, em Nome da Honra (1983), apesar de o título original ser Merry Christimas, Mr. Lawrence (Feliz Natal, Sr. Lawrence). 不慮 significa imperfeição, defeito, algo mal feito. Não é o caso do filme em questão. Muito menos da trilha sonora.             Curiosamente, os dois protagonistas do filme são dois músicos de renome internacional. David Bowie foi um famoso cantor e compositor inglês conhecido como “camaleão do rock”, tanto por ter tido uma fase de sua carreira em que vivia mudando de cara, maquiagem, cabelo, estilo e até voz, quanto por ser meio outsider , estilo de quem prefere ficar por fora do que faz sucesso fácil. Apesar da carreira musical, Bowie também fez vários filmes atuando como ator mesmo. É esse o caso. Já Ryuichi Sakamoto ( 坂本 龍 ) é um músico e comp

RECORD SLEEVES AND SUCH

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              Eu não sou um grande fã de música internacional. Meu negócio é Música Popular Brasileira mesmo. Mas é claro que uma coisinha ou outra a gente sempre curte. Como sou neurótico obsessivo, quando passo a curtir “uma coisinha ou outra”, vou até o fim, pesquisando a discografia completa do artista e acabo me tornando grande fã. Esse artigo de hoje é sobre projetos gráficos de álbuns gringos que eu curto. Mas acho que vai servir mais mesmo pra ficarem conhecendo melhor meus limitados gostos pessoais.             Antes, no entanto, uma exceção (lista boa é a que começa com exceção): eu esqueci de mencionar no último artigo o único picture disc da minha coleção. Nunca tive muito interesse nesse formato, mas, pra não dizer que não tenho um, comprei um baratinho de Natal no Mercado Livre. Feliz Natal é um disco sem informações sobre os artistas presentes no álbum nem sobre o ano. Dando uma pesquisada na net, encontrei a informação de que se trata de um tal de Silvio Solis, que