LOS PANCHOS EM PESSÔA


                Los Panchos é um trio de música mexicana que na verdade surgiu em Nova Iorque, em 1944, composto por dois mexicanos e um porto-riquenho. O primeiro mexicano chamava-se Alfredo Gil e uma informação interessantíssima sobre ele é que ele é o inventor de um tipo especial de violão chamado Violão Requinto, que tem o braço mais curto, é afinado três tons mais alto e tem uma caixa mais ampla e um som mais brilhante. Esse instrumento até hoje é usado em canções mexicanas, especialmente boleros. O segundo mexicano chama-se Chucho Navarro e parece ter se tornado também o “apresentador” do grupo, com sua personalidade espirituosa e seu jeito brincalhão de conversar com a plateia. O porto-riquenho chamava-se Hernando Avilés e foi substituído por vários músicos, entre eles Johnny Albino, em 1971, também de Porto Rico, e é desse período o disco de que trata este artigo. Todos os três tocam violão requinto e cantam simultaneamente.

                Los Panchos em Pessôa é um disco gravado no Brasil e lançado em 1971 pela gravadora CBS. O texto na contracapa do disco promete um som brilhante em alta-fidelidade e não mente: o som do disco é realmente muito bom, especialmente para o ano de seu lançamento. O fato de ter sido gravado e lançado em terras brasileiras já é por si só um bom motivo para interesse especial nesse disco da nossa – brasileiros – parte, apesar de ser algo comum para o grupo, que fez imenso sucesso no mundo inteiro, com turnês imensas por várias cidades de muitos países do planeta, em especial das américas (as três!). Mas o disco também chama a atenção por outros atributos: o já citado som claro e limpo, a beleza das execuções brilhantes e seu lirismo mágico e encantador, daquele lirismo que quase nos dá saudade de uma época que não vivemos e que definitivamente não volta mais.

                O disco é daqueles que não têm divisão visível de faixas. A gravação aparece como um contínuo lado A e um contínuo lado B. Aí você coloca para ouvir e – após uma apresentação simpaticíssima de Navarro – você é imediatamente hipnotizado pelas vozes afinadíssimas. A voz principal, do estreante Albino, é bem aguda: um desavisado poderia confundi-la com uma voz feminina.
 
                Contigo
                Tus besos se llegaron a recrear
                Aquí en mi boca
                Llenando de ilusión y de pasión
                Mi vida loca
 
é a letra romântica do bolero que abre o disco.  A canção chama-se Contigo e foi composta por Claudio Estrada, compositor mexicano. Mas eu não vou fazer isso de ficar comentando cada faixa não. Acho que as dicas que eu queria dar estão aí e você devia aproveitar. Tem até uma composição especial de Navarro para o nosso país chamada Cristo de Rio e uma linda homenagem ao nosso Francisco Alves na última faixa do lado B! Discaço. A atração-bônus fica por conta dos comentários bem humorados de Navarro ao apresentar as canções. Boa audição!

 


               


Comentários

  1. Meus pais tinham um desse quando eu era criança

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  2. Desde moleque ouvia eles e não sabia, e claro gosto até hoje , em especial com duetos de gigliola cinquetti e eydie gorme ! É bom demais, amor, nosotros....

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