PEDRO E O LOBO
            Hoje vamos falar de música clássica. Porém, como diria
Jack o Estripador, vamos por partes. Primeiro,
            Серге́й Серге́евич
Проко́фьев (perdoem meu pedantismo, por favor – é que eu acho lindas as
palavras escritas em outro alfabeto; e só copiei do Wikipédia mesmo) ou Serguei
Sergueievitch Prokofiev foi um compositor russo moderno que fez uma carreira
brilhante na primeira metade do século 20. Compôs balés (o mais famoso sendo Romeu e Julieta), óperas (Guerra e Paz, baseada no livro de outro
russo chamado Tolstoi – não confundir com Toy
Story), trilhas sonoras (a de Ivan, o
Terrível, filme de Eisenstein, é muito incrível), concertos, sinfonias e
uma peça para crianças chamada Pedro e o
Lobo, composta em 1936. É dessa peça musical infantil que este artigo
trata.
            Pedro e o Lobo é uma história deliciosa que é sempre contada por um
narrador acompanhado de uma orquestra. Cada personagem da história tem um tema
musical e um instrumento associado a ele. Por exemplo, Pedro é sempre
acompanhado das cordas (violinos, violas, violoncelos e contrabaixos), o Lobo é
representado pelas trompas, o avô é um fagote e assim por diante. No começo da
história o ouvinte já é informado sobre o arranjo inteiro, uma vez que a
intenção do compositor era didática mesmo: ensinar os diferentes sons da
orquestra para crianças. Assim, o narrador vai desenrolando a história e a
orquestra vai desenrolando a emoção. 
            A primeira gravação que eu
ouvi foi em inglês, mas em CD, narrada por ninguém menos que David Bowie. Hoje
eu tenho o LP, claro. Essa versão é de 1978, quando Bowie era jovem e estava no
auge da criatividade. Nesta época, o cantor estava imerso na produção de sua
hoje cultuada trilogia “alemã” (Low, Heroes e Lodger). A narração é limpa, precisa, embora dramática, e tem
aquela voz linda dele, com um encantador registro de barítono. Demais. A Orquestra da Filadélfia é regida pelo
maestro húngaro Eugene Ormandy. O disco é verde translúcido e a história de
Pedro só ocupa o lado A. O lado B traz o Guia
da Orquestra para Pessoas Jovens, composta em 1946 pelo compositor inglês
Benjamin Britten, peça que também tem mais ou menos o mesmo teor didático de Pedro e o Lobo e que também é linda.
            A segunda gravação que me interessou foi a da nossa
querida por todos Rita Lee. A gravação de Rita é divertida, toda abrasileirada
(o passarinho canta bem-te-vi) e
cheia de ritaleeces, como dizer que o pato vinha cantando alegremente, em óbvia
referência à canção de Jayme Silva e Neuza
Teixeira, famosa na gravação de João Gilberto, ou usar a onomatopeia splish splash (da música do Roberto
Carlos) para se referir ao som do mergulho do animal. Essa gravação foi lançada
dividida nos dois lados do LP Pedro e o
Lobo, de 1989. Portanto, entre o Zona
Zen e o álbum de 1990, chamado somente Rita
Lee e Roberto de Carvalho, aquele que tem Perto do Fogo, composta pela Rita em parceria com Cazuza. A parte
musical ficou por conta da Nova
Sinfonieta (não encontrei informação na net sobre essa orquestra) regida
pelo maestro paulistano Roberto Tibiriçá. Muito legal também. 
            Faixa-bônus: falando em David Bowie
e Rita Lee, deixo aqui pra vocês, da autobiografia da Rita, a curiosa e
engraçada foto dos dois juntos. 
            Aviso: este artigo possui gracinhas
porque foi inspirado pela Ritinha.




🦊uuuuuuu
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